terça-feira, 12 de maio de 2015

Carpideiras

Iansã


O relâmpago lançou um clarão no breu
Chegou silencioso, se anunciou e se perdeu
Assim como eu depois de horas a me procurar
Vasculho fundo na consciência
Ainda não sei responder
Quem sou eu?

Os olhos piscam pedindo luz
Mas só há escuridão
Os pés tateiam hesitantes
Testam a firmeza do chão

Rezo a Santa Bárbara
Venha, me conduz
Me dirijo aos orixás
Iansã, minha amiga, me reconduz

Peço sabedoria, quero forjar destino
Quero me achar ou me perder no processo
Mas me religar ao divino

Religião, do latim religare
Divino, a partícula que em mim permaneceu
Em meio a tudo o que é fosco ainda brilha
Continua imaculada, não se perdeu

Não se perdeu
Como um pedacinho do sol aqui dentro
Guardei dentro do peito
Inocência remota, não esquecida
Que o pecado foi engolindo desde o leito

Venha Santa Bárbara, venha Iansã
Rainhas dos raios
Me peguem pela mão
Enquanto ainda guardo esse resto de pureza
Venham luzir sobre minha partida
Sejam minhas carpideiras
E tomem, pois, minha vida

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